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Virtual e Virtualidade

06-11-2011 15:37

Depois de várias pesquisas, encontrei um artigo falando de  """ "O mito do “virtual” e da “virtualidade” "     " (José António Rocha), achei de veras interessante a exposição do tema por parte do autor e gostaria de partilhar convosco.

 

Com o desenvolvimento das tecnologias e das comunicações em rede, espalharam-se pelo mundo os termos “virtual” e “virtualidade“. Assim sendo, procura-se apresentar informações e argumentos que desmentem — ou tornam desnecessárias — algumas concepções atualmente usadas para o conceito de “virtualidade“. Aqui, iremos pensar no termo “virtual” e suas implicações à luz da Semiótica peirceana, que estuda o relacionamento dos fenômenos do universo.

Virtual é o que não existe?

Há muitas concepções de virtual:

Algumas das mais comuns são estas:

  • Virtual é algo que é apenas potencial ainda não realizado (a definição histórica).
  • Virtual é algo que não é físico, apenas conceitual.
  • Virtual é algo que não é real.
  • Virtual é a simulação de algo.

Tudo é virtual?

Um dos mais conhecidos autores a tratar do tema é o francês Pierre Lévy. Em seu livro “O que é virtual?”, ele define:

“o virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a atualização.” (LÉVY, 1996, p.16)

É uma definição filosófica. Na tentativa de explicar melhor o que é “virtual“, Lévy descreve a situação de uma empresa com departamentos longe da matriz. O que também não ajuda em nada na definição. Que diferença esta empresa com teletrabalhadores teria em relação a uma empresa com salas em diversos andares de um prédio? Sem se preocupar com um termo mal definido, Lévy vai adiante:

“A virtualização pode ser definida como o movimento inverso da atualização. Consiste em uma passagem do atual ao virtual, em uma ‘elevação à potência’ da entidade considerada. A virtualização não é uma desrealização (a transformação de uma realidade num conjunto de possíveis), mas uma mutação de identidade, um deslocamento do centro de gravidade ontológico do objeto considerado: em vez de se definir principalmente por sua atualidade (‘uma solução’), a entidade passa a encontrar sua consistência essencial num corpo problemático” (LÉVY, 1996, p.17).

Segundo o autor questiona-se sobre várias situações com que se depara e lança um desafio colocando as seguintes questões:

"Alguém entendeu isto?

Poderia dar um exemplo na vida real?

Poderia dar um exemplo da utilidade deste conceito?" (JOSÉ ROCHA, 2007)

António refere no final desta secção ainda existe uma citação que penso que é de grande importancia "Por favor, (...) isto é incompreensível e inaplicável em ciências". De facto, entender estes conceitos não é tarefa fácil! Assim sendo gostaria de referir que "Virtual" pode ser entendido como o reflexo do que é real, tem todas as características do real, porém não é real, e pode-se dizer imaginário. Preenche o espaço do real, mas não tem a cocretude dele.

 

Virtualmente tudo

Sem que o conceito de “virtual” tenha sido esclarecido, Lévy usa o termo para criar mais especulação filosófica: passa a falar de “virtualização” aplicada a, praticamente, todos os aspectos da vida humana: “Três processos de virtualização fizeram emergir a espécie humana: o desenvolvimento das linguagens, a multiplicação das técnicas e a complexificação das instituições” (LÉVY, 1996, p. 70). No final do livro, fica-se imaginando que tudo é virtual.

 

Virtualmente hype

Em Pedagogia, é frequênte o uso de “virtual” na designação de sistema de colaboração em rede. Como em “ambientes virtuais de aprendizagem”, por exemplo. Em informática, é muito usado para designar sistemas de animação tridimensional em tempo real: “realidade virtual”. “Virtual” também é um termo usado largamente para designar qualquer relacionamento mediado por redes de computador. A midia de informática, principalmente, ajuda a popularizar a “virtualidade”, porque é uma palavra que sempre chama atenção, está sempre ligada a novas tecnologias e ao hype tecnológico.

 

Virtualidade é um fenómeno

Pelo conceito de semiose, a concepção metafórica de “virtualidade” de Langer, de que o cérebro forma “um mundo virtual”, é apenas mais um nível da semiose. Não haveria, então, um “outro mundo” dentro das nossas cabeças, mas apenas mais um nível de significação fazendo parte da cadeia semiótica.

"Além disso, concepção mental não é algo irreal, “virtual“, porque os nossos pensamentos são coisas reais e materiais: pelo que se sabe do cérebro, hoje, os pensamentos são definidos por ligações sinápticas entre células nervosas. As concepções mentais, as idéias, os sentimentos, os conceitos, a imaginação, tudo isto são coisas físicas, interações entre células nervosas mediadas por neurotransmissores e energia elétrica. Pensamentos são esmagadoramente físicos. Não são exatamente coisas, mas interações entre coisas aparentemente físicas, que por sua vez são interações entre outras coisa, que são interações entre outras coisas, infinitamente. Tudo no universo é resultado de interações entre fenómenos, num complexo “jogo”." (JOSÉ ROCHA, 2007)

 

Ambientes virtuais

Porque é que sistemas de ensino por computadores em redes seriam “virtuais”? Em oposição ao ensino presencial? Vamos analisar, então uma interação presencial.

 

Quando pessoas se encontram ao vivo, elas só sabem da presença da outra pelos cinco sentidos do ser humano.

  • Visão
    Vemos outra pessoa graça à luz. Então somos mediados pela luz. Não vemos a outra pessoa, vemos a luz que refletiu nela e chegou às nossas retinas.
  • Audição
    Não ouvimos a pessoa: ouvimos as vibrações no ar feitas pela outra pessoa.
  • Olfato, Gustação, Tato
    Podemos sentir o cheiro da pessoa. Mas o que sentimos são informações nervosas desencadeadas por substâncias exaladas pela outra pessoa e que chegam ao nosso sistema olfativo. Da mesma forma, o tato e a gustação.

Estes três últimos são sentidos que nos informam sobre outras pessoas, mas não são muito usados na educação. Portanto, não interessam neste momento.

Assim sendo, podemos concluir que os sentidos que se destacam e são essenciais à educação são a visão e a audição, neste sentido, a integração destes dosis métodos terá como suporte essencial estas duas características.

 

O que não é virtual?

Uma interação “ao vivo”, então, é mediada pela luz e pelo ar. Nas interações por computador, estes dois meios são traduzidos mais algumas vezes: a luz e o som são transformados em impulsos elétricos, depois digitalizados, transformados em orientações magnéticas (nos disco de computador), em energia elétrica (nos circuitos eletrónicos), em luz (nas fibras ópticas), em ondas eletromagnéticas, etc, e decodificados novamente na outra ponta da comunicação.

O que aconteceu, na verdade, foi traduzir algumas vezes a informação, mediar mais algumas vezes uma mediação que já existia. Toda esta interação é mediada, não importa a sua natureza. Isto acontece com pessoas ou com qualquer outra coisa no universo.

A rigor, não existe diferença entre uma interação ao vivo e uma interação por computador, a não ser na forma de maior resolução e qualidade da mediação. Uma interação ao vivo tem maior resolução, maior quantidade de informações que uma mediação por computador. Mas também é mediada. Sendo ambas interações mediadas e tendo ambas a mesma natureza, como todas as mediações, não faz sentido diferenciá-las, a não ser pelo nome da mídia: interações ao vivo, interações online, por exemplo.

Considerações finais

"Em Pedagogia, Informática e Comunicação, os termos “virtual” e “virtualidade” são definidos imprecisamente ou impropriamente e não explicam a natureza dos fenômenos em que são aplicados.

Como significado oposto ao real, não devem ser usados porque todas as interações que existem no universo são reais, inclusive a imaginação. Ou, visto pelo ângulo da Semiótica, todos os fenômenos do universo são significações.

Como significado de simulação ou de interações por redes de computadores, “virtual” não deve ser usado porque leva à confusão com o uso histórico do termo. Existem opções mais precisas: ambiente online ou ambiente simulado são bem mais explicativos que “ambiente virtual”. Realidade simulada, melhor que “realidade virtual”. Como metáfora de sala de aula presencial, é desnecessário, pois a função da metáfora seria explicar algo complicado, e, hoje, praticamente todo mundo entende o que é comunicação via internet sem necessidade de metáfora." (JOSÉ ROCHA, 2007)

 

 


António Rocha refere no final do seu artigo uma sintese muito interessante:

"É interessante notar que Lévy, que tanto fala em difusão do conhecimento e inteligência coletiva, não tenha colocado nenhum dos seus livros na internet e é a favor das anacrônicas leis de direito de cópia arquitetadas pelo poder econômico. Tenho dúvidas se ele realmente entende do que está acontecendo no mundo das informações digitais em rede. Em um de seus livros, ele passa o tempo todo falando em informação “digital (numérica)”. Sempre que aparece a palavra “digital”, segue a explicação de que é numérica. Ora, computadores digitais não trabalham com informações numéricas, apenas com informações de lógica binária. Eventualmente, a informação binária representa números, mas quase sempre, não. Essa informação lógica binária pode representar instruções de máquina (o mais comum), cores, sons, cheiros. Portanto, falar em informações numéricas é demonstrar uma incompreensão fundamental das mídias digitais."

 

Fonte

 

CHAVES, Eduardo O. C. A Virtualização da Realidade. Documento HTML

Disponível em: https://www.edutec .net/Textos/Self/COMPUT/virtual.htm. (Consultado em 06/11/2011)

 

LÉVY, Pierre. O que é o virtual? São Paulo: Ed. 34, 1996.

 

PEIRCE, Charles Sanders, Semiótica, S. Paulo: Editora Perspectiva, 1977.

 

ROCHA, José Antonio Meira da. Virtual.

Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Virtual. (Consultado em 06/11/2011)

 

WIKIPEDIA.

 

GOOGLE.

 

WEBOPEDIA.

 

Virtual enquanto forma e conteúdo

26-10-2011 11:45

 

Como referido no PowerPoint “O Virtual”, ao ensinar no virtual, não podemos somente utilizar ferramentas e aplicativos, (…) mas principalmente saber utilizar esses aplicativos, softwares, interfaces como forma e conteúdo. Tendo em mente que a forma remete aos recursos técnicos que se apresentam, e o conteúdo a como as possibilidades que esses recursos técnicos apresentam em cada aplicativo, a nossa busca por uma solução vitoriosa neste âmbito deve estar em torno do tema: os recursos educativos virtuais e o seu conteúdo e forma. Tem que haver evolução da parte do professor, pois a mera transposição do físico, do ensino tradicional para o digital não terá impacto nem sucesso perante esta geração tecnológica. 

 

(Actualizado a 06/11/2011)

Assim sendo, e em forma de sintese:

  • O virtual enquanto forma, diz respeito aos softwares, aplicativos, etc, que são utilizados no computador, ou seja, são todos os recursos técnicos que se apresentam. Por exemplo: um editor de texto.
  • O virtual enquanto conteúdo, são as possibilidades que esses recursos técnicos apresentam em cada aplicativo para facilitar e potencializar o aluno. Por exemplo: a barra de desenho, dentro do editor de texto.

 

Fonte

Daniela Melaré, O Virtual (2008)

Disponível em: https://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1319321 (Consultado em 26/10/2011)

Problematização do conceito de virtual

25-10-2011 04:44

Com o desenvolvimento das tecnologias em rede, tornaram-se mais comuns os termos "virtual" e "virtualidade". No conceito geral, entende-se o "virtual" como tudo o que diz respeito às tecnologias, nomeadamente, as comunicações via Internet. 

 

A distância é um termo interessantíssimo para tentarmos avaliar a sua dimensão quando passamos a usar a internet e outros meios digitais e virtuais. O virtual é um espaço real como indica Pierre Levy e nossa própria experiência do cotidiano no uso destas ferramentas comprova isso. 

 

Um dos mais conhecidos autores a tratar do tema é o francês Pier re Lévy. Em seu livro "O que é o virtual?", ele define:

"o virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a actualização." (LÉVY, 1996, p.16)

Lévy compara o virtual a um problema muito complexo ou a um acontecimento que precisa de uma solução. Esta solução é proporcionada pela atualização, que vem a ser o inverso da virtualização. Completando seu raciocínio, diz que a virtualização consiste em uma passagem do atual ao virtual, numa "elevação à potência" da entidade considerada.

 

A virtualização não é uma desrealização (a transformação de uma realidade num conjunto de possíveis), mas uma mutação de identidade, um deslocamento do centro de gravidade ont ológico do objeto considerado: em vez de se definir principalmente por sua atualidade (uma "solução"), a entidade passa a encontrar sua consistência essencial num campo problemático. Verifica-se, portanto, que ocorre um círculo: a atualização soluciona um problema e a virtualização de uma solução gera um outro problema.

 

Na tentativa de explicar melhor o que é "virtual", Lévy descreve a situação de uma empresa com departamentos longe da matriz.

"A virtualização pode ser definida como o movimento inverso da atualização. Consiste em uma passagem do atual ao virtual, em uma 'elevação à potência' da entidade considerada. A virtualização não é uma desrealização (a transformação de uma realidade num conjunto de possíveis), mas uma mutação de identidade, um deslocamento do centro de gravidade ontológico do objeto considerado: em vez de se definir principalmente por sua actualidade ('uma solução'), a entidade passa a encontrar sua consistência essencial num corpo problemático" (LÉVY, 1996, p.17).

 

Ele afirma que "a palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado, por sua vez, de virtus, força, potência. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto, à concretização efetiva ou formal", ou seja, é algo que não existe na forma física.

 

Pode-se afirmar que o virtual é uma realidade que veio facilitar a vida do ser humano, pois através do virtual, que se encontra num suporte material (o computador), é possível obter várias informações (interagir) com outras pessoas.

 

Para Lévy, o virtual é mediado ou potencializado pela tecnologia; produto da externalização de construções mentais em espaços de interação cibernéticos.

 

Lévy usa o termo para criar especulação filosófica: fala de "virtualização" aplicada a, praticamente, todos os aspectos da vida humana: "Três processos de virtualização fizeram emergir a espécie humana: o desenvolvimento das linguagens, a multiplicação das técnicas e a complexificação das instituições" (LÉVY, 1996, p. 70). 

 

Em Educação, é frequente o uso de "virtual" na designação de sistema de colaboração em rede. Como em "ambientes virtuais de aprendizagem", por exemplo. Em informática, é muito usado para designar sistemas de animação tridimensional em tempo real: realidade virtual. "Virtual" também é um termo usado largamente para designar qualquer relacionamento mediado por redes de computador. 

 

(Actualizado a 05/11/2011)

 

Assim sendo, o "virtual" possui um conjunto de aspectos que o torna numa ferramenta prospera para o surgimento de múltiplas situações e contextos de aprendizagem.

 

Um dos aspectos que podemos destacar é o estilo individual da aprendizagem. Temos alunos visuais, outros auditivos, outros gostam mais de pesquisar e outros apreciam a dedução lógica dos problemas. Perante as características destes ambientes e perante as possibilidades de se apresentarem de forma não linear, poderemos dizer que estamos perante um fortíssima ferramenta onde na mesma aula, e por etapas poderemos recriar ambientes de trabalho susceptíveis de respeitar o estilo, o ritmo de aprendizagem, com a inclusão de vários media e tudo isto numa única actividade. O mesmo poderá ocorrer com os conteúdos de base ao trabalho e estudo dos alunos. Para além disso, as mesmas poderão conceder ao aluno um feedback no momento, bastando que para isso inclua a mais elementar das características a interactividade, assim como, poderá possibilitar ao professor aumentar ou diminuir o grau de dificuldade da actividade.

 

Para além disso, imaginar as possibilidades concedidas aos estilos de aprendizagem (difícil de controlar e de corresponder numa sala de aula) com as características de imersão, interacção prevê-se ser um espaço de forte componente de partilha de experiências e da construção de conhecimentos mais alargados e mais duradouros através de projectos multidisciplinares, interdisciplinares; e/ou multi e interculturais em que alunos de várias áreas se envolvem em projectos comuns. Este aspecto será, ainda, fortemente influenciado pela instantaneidade e pelas possibilidade de actualizações constantes dos recursos disponibilizados, pelo espaço onde poderá ocorrer e mesmo no tempo, pela velocidade da comunicação e pela dimensão da comunicação pelo número possível de intervenientes no processo.

 

Fonte

Virtual, WIKIPÉDIA

Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Virtual (Consultado a 26/10/2011)

 

LÉVY, Pierre. O que é o virtual?, São Paulo: Ed. 34, 1996.

Disponível em: Lévy, Pierre  (Consultado a 24/10/2011)

 

Daniela Melaré. O virtual como espaço educativo, (2010)

Disponível em: https://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1319311 (Consultado a 24/10/2011)

 

Actividade 1

25-10-2011 04:36

Actividade 1: O virtual como paradigma para a educação
 
Competências a desenvolver:
 
Problematização do conceito de virtual.
Problematização do conceito de hiperespaço e do seu potencial educativo
Argumentar de forma sustentada sobre as potencialidades do virtual para a educação.
 
Descrição
 
1) Estudo individual sobre o conteúdo do tema 1 (24 a 30 de outubro)
2) Discussão em fórum geral sobre os conceitos de virtual e de hiperespaço, bem como sobre as potencialidades da Educação no Ciberespaço ( 31 de outubro a 6 de novembro)
3) Elaboração individual de um “Paper” ( 2 folhas). As orientações serão fornecidas previamente, deve ser entregue até o dia 13 de novembro.
 
Recursos de Aprendizagem
 
Recomendamos o estudo da listagem seguinte. Poderá fazê-lo pela ordem que entender; organize a sua sequência e caminho de aprendizagem.
Itens: 11 - 14 de 14
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