Debate Final da Actividade 3
Na fase final desta actividade tivemos uma semana dedicada ao debate final na qual tivemos que responder a algumas questões que mereceram particular reflexão, nomeadamente:
- Cuidados a ter durante a realização da entrevista;
- Como ultrapassar entrevistados pouco cooperantes ou muito divergentes;
- Dificuldades em estabelecer/rever as categorias de análise;
- Como garantir que não estamos a sobrepor a nossa "voz" à dos entrevistados qd fazemos a análise.;
Nesta Unidade Curricular foi possível ter uma visão e os métodos de conduzir uma investigação, entrevista, inquérito... e sua interpretação e validação de forma completamente diferente da que anteriormente realizava e implementava com alunos e formandos.
Tal como referido pelo Jorge, esta experiência foi sem dúvida enriquecedora, embora já tivesse efectuado alguma investigação no terreno enquadrada em certos contextos educativos com alunos, permitiu-me "experimentar questões muitas vezes não descritas na literatura" e que são por vezes muito importantes para o nosso objectivo.
No decorrer desta actividade efetuei algumas pesquisas onde num desses resultados, Ferreira(2003) refere o percurso do trabalho a partir da perspectiva da análise de conteúdo, nas seguintes etapas:
- Pré-análise, onde se prende por organizar o material, formular hipóteses ou questões norteadoras, elaborar indicadores que fundamentem a interpretação final.
- Exploração do material, identificando-se como a etapa mais longa e cansativa, onde se efectua a realização das decisões tomadas na pré-análise. É o momento em que os dados brutos são transformados de forma organizada e "agregadas em unidades, as quais permitem uma descrição das características pertinentes do conteúdo", segundo Holsti, Bardin (1979, p. 104).
- Tratamento dos resultados, onde Bardin (1977) apresenta as possíveis técnicas utilizadas na análise de conteúdo: análise categorial, análise de avaliação, análise da enunciação, análise da expressão, análise das relações e análise do discurso.
Em relação à análise de conteúdo gostaria de referir que é considerada por Vergara (2005, p. 15), uma técnica para o tratamento de dados que visa identificar o que está sendo referido a respeito de determinado tema. Podemos verificar também que Bardin (1977, p. 42) qualifica a análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. Sendo que, a finalidade da análise de conteúdo é produzir inferência, trabalhando com vestígios e índices postos em evidência por procedimentos mais ou menos complexos (PUGLISI; FRANCO, 2005, p. 25).
Focando-me nas questões colocadas pelo professor, realmente verifiquei algumas dificuldades na realização desta entrevista e sua análise e que só consegui aperceber-me de tais dificuldades durante e depois de a efectuar, as quais irei relatar e efectuar de uma análise.
Cuidados a ter durante a realização da entrevista
É necessário que seja tudo previamente planeado, inclusivé se possível o local, de forma a que o entrevistado tenha a menor presença de estimulações possíveis (visual, sonora, etc.). Esta situação foi verificada nas minhas entrevistas, uma vez que foram realizadas numa sala de professores o que de certa forma interferiu com a entrevista levando a repetir algumas vezes certas questões.
Antes de iniciarmos a nossa entrevista devemos indicar ao entrevistado os objetivos, dizendo-lhe que aquele conteúdo é confidencial, etc.
Quando iniciarmos a entrevista deverá estar presente a segurança do entrevistador na exposição e controlo na condução da entrevista. Neste ponto, senti que numa das entrevistadas, embora o entrevistado respondesse às questões colocadas, rapidamente começava a divagar com contextos que em nada se enquadravam nos objectivos, assim sendo, cabe ao entrevistador intervir.
Durante a entrevista não devemos responder ou induzir respostas às perguntas colocadas, assim como, evitar manifestações que tomem posição ou julgamento de valores no relato ou a respeito do entrevistado, como por exemplo, "concordar ou discordar".
Como ultrapassar entrevistados pouco cooperantes ou muito divergentes
Relativamente a esta situação, tal como referido pela Lisete, penso de igual forma, em que o investigador deverá tentar eliminar esta "barreira criando um clima amigável e de alguma liberdade, talvez caminhar para a entrevista mais informal."
Como refirdo atrás a preparação prévia das entrevistas deverá evitar as questões fechadas como "sim ou não", "concordo ou discordo", etc.
Dificuldades em estabelecer/rever as categorias de análise
Caso verifiquemos que existe alguma dificuldade em associar as categorias em análise, o entrevistador deverá ouvir e reformular a sua questão de forma a esclarecer o entrevistado.
Verifiquei que embora tenhamos pensado e criado um guião previamente e termos contemplado, ou pensado em contemplar todas estas situação, dependendo do entrevistado poderá existir sempre a necessidade de intervirmos nestas situações de forma a obtermos e atingirmos os nossos objectivos.
A nossa intervenção não deverá ser efectuada de uma forma evasiva neste caso.
A citação utilizada pelo professor, "Tenham noção que às vezes é muito complicado investigar, porque as pessoas nem sempre tão disponíveis para isso...", foi sem dúvida uma grande dificuldade encontrada!
Não o digo pelo simples facto da disponibilidade para uma entrevista, ou a utilização de gravação de audio ou video, mas também porque em certos temas as respostas são efectuadas de uma forma muito "resumida" e objectiva talvez por alguma insegurança e com o medo de esta ser interpretada como uma grande "idiotice".
Como garantir que não estamos a sobrepor a nossa "voz" à dos entrevistados quando fazemos a análise
Neste ponto, penso que acima de tudo o entrevistador deverá ter presente todos os dados recolhidos na entrevista, enquadrando seu contexto com as suas categorias e sub-categorias, validando os indicadores de forma clara focando uma análise com a interpretação dos dados obtidos e nunca por dados possíveis ou não constantes no contexto recolhido.
Ainda assim, o trabalho resultante dessa análise deverá ser precisa e clara.